quarta-feira, fevereiro 01, 2006

NY3



Dos museus que visitei em NY o que gostei mais foi do MOMA, o museu de arte moderna lá do sitio. Mas gostei mesmo! Sempre que vou a um museu destes fico deslumbrado com algumas das “instalações” e quadros. Fiquei impressionado com um quadro todo branco e outro todo preto. Fico fascinado com esta arte. Será que para se pintar um quadro todo branco primeiro têm que se pintar várias paisagens e retratos para mostrar que se tem jeito? Tipo, há um júri que decide: sim senhora, tens muito jeito para pintar, como atingiste este nível podes pintar um quadro todo branco. É porque se não for assim todas as pessoas pintam um quadro branco! Para além disso parece-me muito fácil copiar estes quadros, e muito difícil destinguir o original da cópia. Também não deve vender muito merchadising: postais, imans, etc. mas por outro lado, ao usarmos uma t-shirt branca sempre podemos dizer que é um quadro de "Rabian Funet"(parece-me um bom nome de pintor). Sinceramente acho que quando os museus têm umas paredes livres põem lá um quadro de uma só cor e inventam o nome do pintor, depois vão para a sala dos seguranças rirem-se a ver as pessoas pelas cameras de vigilância.

Depois há uma série de instalações. Numa das salas estava um quadrado 3D cor de laranja, sozinho, abandonado no meio da sala. Outra com uma televisão com um tipo a tocar bateria e uma caixa de acrílico com labirinto de hamster , mas o rato não estava lá (deve ter fugido com vergonha). Outra ainda era composta por dois paus cruzados, uma corda no meio e um coelho embalsamado em cima dos paus. É realmente preciso uma cultura acima da média para se apreciar estas coisas, depois os críticos dizem-nos: esse é objectivo desta arte, chocar! e fazer as pessoas reagir. Eu sinceramente acho que o truque é fazer absurdos e colocá-los num museu, a partir do momento que entram no Museu passam a ser arte. Se o homem da iluminação se esquece do escadote no dia das montagens da exposição este passa imediatamente a ser arte. Nestes museus não há balcão de "perdidos e achados" tudo o que é perdido passa a ser arte. Nestes lugares evito sempre ir ao WC, não quero correr o risco de estragar alguma coisa, e o meu maior receio é se há uma emergência, se é preciso sair depressa nunca sabemos se são sinais de saída ou obras de arte.

Nestas alturas lembro-me sempre da história de um museu em Portugal que teve umas esculturas de um muito conhecido e reconhecido escultor internacional. Basicamente o escultor dava marteladas em coisas e estas tornavam-se arte. Uma dessas peças era um lavatório, provavelmente de sacavém, que levou uma martelada e por baixo estavam os cacos do embate. Durante a noite os cacos desapareceram, a obra ficou estragada, mais tarde descobriu-se que uma senhora da limpeza, cumprindo fielmente as suas funções, tinha varrido os cacos e colocado-os no lixo. Resultado, o museu teve que pagar uma indemnização ao escultor. Bem dita inocência...

JM

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