sexta-feira, junho 15, 2007

Vamos à rua?

São 22.50. A cada movimento meu os cães pensam que chegou a altura de irem à rua e levantam-se repentinamente. Eu digo-lhes que não, mas eles insistem que têm razão e espreguiçam-se, movimento essencial antes de um bom passeio. Eu mantenho-me sentado e eles voltam a deitar-se de olhos postos em mim, é a pressão psicológica. Eu sei que eles não têm vontades fisiológicas, não é possível foram há menos de duas horas, é apenas o hábito. O hábito de irem à rua depois do jantar. Os cães são animais de hábitos - “Se sempre foi assim e sobrevivemos é porque tem que ser sempre assim, a nossa vida tem que ser uma rotina dono o inesperado não é seguro, principalmente no que diz respeito às necessidades fundamentais – hora de comer e hora de ir à rua”. É um pouco como as pessoas mais velhas e as suas rotinas, se sempre pagaram as contas nos correios e correu bem porque é que hão de mudar o hábito?
Ela levanta-se e senta-se à frente da televisão, que lhe parece ser o objecto da minha atenção, a olhar para mim. Mando-a sair e ela fica. Insisto e ela vem ter comigo e dá-me uma lambidela como quem diz – vamos lá. Eu desespero, amanhã é sábado e não quero levá-los já para amanhã de manhã poder ir um pouco mais tarde. Finalmente deitam-se, mas os olhos estão atentos em mim, têm aquilo na cabeça, piores que o Mário Lino com a OTA. Tenho uma comichão na cabeça mas não posso coçar senão lá vem o corrupio outra vez.

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