sábado, novembro 18, 2006

Táxi!

Não me espanta a quantidade de táxis e taxistas que há em Lisboa. Que outra profissão permite a alguém com a 4ª classe trabalhar sentado e conduzir um Mercedes? Para além disso é uma profissão respeitada, nem que seja por medo dos impropérios.

Apesar de todos os defeitos tem que lhes ser feita justiça, os taxistas foram os inventores dos blogs, inconscientemente, mas foram. Entrar num táxi não é muito diferente de entrar num blog, só que um blog falado, às vezes em monólogo outras em diálogo. Tal como os blogs também tem temas: futebol, sexo, politica, racismo, emigração, sentido da vida, meteorologia, mecânica automóvel, história da minha vida… o tema depende muito do cliente e da hora. O cliente pode deixar o seu comentário, ou não, e o taxista pode utilizá-lo com futuros clientes. Lembro-me de uma madrugada em que regressava de saída nocturna, quando passei junto das obras do metro do Cais Sodré comentei, em tom de piada fácil e bem regada: “Só há uma coisa que mete mais água que o Santana Lopes (primeiro ministro na altura), é esta obra de túnel do metro”, o taxista riu às gargalhadas. Passados uns 15 dias, por coincidência, que aliás me aconteceu várias vezes por andar muito de táxi à noite, apanhei o mesmo taxista e ao passar no mesmo local o tipo usou a minha piada. Ou seja, tal como os blogs, os comentários feitos nos táxis, depois de filtrados, são transmitidos a futuros visitantes. Mais pontos em comuns são as sondagens aos clientes, a publicidade, algumas fotografias, já andei num com filmes… só não divulgam outros táxis, nunca ouvi um taxista dizer: “- agora continue viagem com aquele meu colega, que ninguém fala de culinária como ele.! “.



JM

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu acho que mais grave do que os taxistas são os bibliotecários da minha faculdade: gente nova, que devia ter perspectivas ambiciosas, mas que resume a sua actividade profissional a registar empréstimos de livros e a falar no msn o tempo inteiro, quando não a jogar online.

Mas o pior é que recentemente a biblioteca não abriu porque esse povo que tem sido severamente prejudicado [a ponto de ter de fazer greve]aderiu à greve...

É absurdo, mais do que os taxistas.