sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Sem saída.

Não costumo frequentar centros comerciais ou shoppings como se diz agora, é como telenovelas a última que vi, Roque Santeiro, era telenovela, agora são novelas.
Mas como estava a dizer, acho os centros comerciais lugares perigosos. Ontem por exemplo, combinei encontrar-me num desses centros junto a uma das portas. Quando dei por mim em menos de um minuto estava completamente encurralado, sem saída. À minha frente tinha uma banca do City Bank com vendedores a olhar para mim como perdigueiros para lebres. À minha esquerda tinha uma loja de lingerie de mulher, que obviamente não era montra para onde eu quisesse ser visto a olhar durante 10 minutos. À direita uma loja de sapatos de onde eu tinha acabado de sair, onde não havia o meu número no modelo pretendido e que a solícita empregada me trouxe umas vinte caixas de sapatos que eu, muito envergonhado do trabalho que ela teve, recusei. Atrás de mim um antigo colega de universidade, daqueles chatos, que me vai perguntar sobre pessoas que eu não me lembro. Que vai falar daquele jantar de turma em que ficou bêbedo e vomitou para cima do professor de estatística,momento alto da sua vida de estudante. Que casou. Que comprou um apartamento em Almada. Que já tem um “casalinho” de filhos - "o meu menino é Armando como o pai, e a menina a Érica"-. Que no outro dia viu a Sandra da nossa turma, e que ela continua com umas grandes prateleiras e um cu que é um mimo. Que comprou o SEAT Ibiza TDI que sempre sonhou. Que foi passar férias a Porto Galinhas... E quando não tiver conversa vai dizer-me que já tem o cartão City Bank, comprou os sapatos com a biqueira quadrada da loja do lado, e que o fio dental da montra ficava bem era à boa da Sandra. É por estas e por outras que acho os “shoppings” perigosos.
JM

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