domingo, maio 25, 2008

A mim também me acontece.



Tal como os médicos também adoecem e os mágicos às vezes também não encontram as chaves de casa, os donos dos cães pisam cocó na rua. Sim, mesmo aqueles que, como eu, têm por hábito apanhar as fezes dos seus canídeos. Nota1

Pelo simples facto de ter o hábito apanhar o cocó dos meus cães devia estar imune a pisar o dos outros, pelo menos a balança da justiça divina assim deveria funcionar: um acto de bem devia anular um de mal, quem pratica o bem deveria ser recompensado. Pior, podemos acabar de dar esmola e no momento seguinte apanhar com cocó de pombo no ombro (sim também já me aconteceu). Assim é difícil acreditar que está Alguém a julgar os nossos actos. Ou então quem está a julgar sabe que a esmola vai servir para comprar droga e financiar uma rede criminosa de tráfico, e….”toma lá com uma bosta de pombo para aprenderes a não financiar criminosos por interposta pessoa”.




Nota 1- Por vezes vejo-me encurralado num dilema de consciência cívica: se um dos meus cães resolve defecar num local onde outro cão o fez anteriormente e lá permanece o dejecto deste último e por conhecimento empírico sei que o cocó do meu cão não vai preencher por completo a capacidade volumétrica do saco de plástico (utensílio de recolha de fezes), devo apanhar o que já lá estava? Não sou capaz mete-me nojo. O dos meus já estou afeiçoado e para além disso, felizmente, não é a minha profissão. Deve ter sido um sentimento deste género que se abateu sobre o Director da Asae quando soube que Sócrates fumou no avião, mas ao contrário de mim ele só consegue apanhar o cocó dos outros, os dele faz-lhe impressão. E eu também não tenho objectivos anuais de apanha de caca dos meus cães, apanho o que houver para apanhar e se não fizerem não lhes meto a mão no ânus para ver se há lá alguma coisa.

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